(por Carlos Alberto)
Associação Chapecoense de Futebol.
O clube de uma ascensão meteórica, o clube que virou xodó, que se tornou o segundo time dos brasileiros pelo seu futebol, se viu diante de uma catástrofe. O verdão do Oeste voou para realizar um sonho sul-americano, voltou com setenta e uma feridas na alma. Naquela terça, o país acordou em choque e comovido ao saber da queda do avião que transportava o clube em direção a Medelín visando a disputa da final da Copa Sul-Americana. Rezou para que houvesse sobreviventes - e houve, felizmente - mas, lamentavelmente o pior foi inevitável: setenta e uma pessoas morreram na tragédia, entre jogadores, comissão técnica e jornalistas. Difícil de entender, impossível acreditar. Tal qual Senna e Mamonas, o país chorava a morte de setenta e um heróis. Chorávamos como se fosse alguém da família ou um melhor amigo.
É complicado escrever num momento tumultuado, não tem como ficar incrédulo com tamanha tragédia, de se emocionar com famílias chorando a perda de seus filhos, pais, maridos, enfim. Eu mesmo fiquei sem saber o que pensar quando soube do ocorrido assim que acordei, me perguntava "O que é isso, gente? Logo eles?". Quem esperava que aquele elenco cheio de jovens partiria tão precocemente e tão tragicamente? Como não conter as lágrimas ao ver cada cena do acidente que minuto por minuto pingava nas redes sociais? Como não conter a emoção ao ver o encerramento do Jornal Nacional no dia do acidente? Como não se comover com a torcida da Chape aos prantos na vigília e no velório no lugar que fora palco de tantas conquistas? São respostas difíceis de encontrar nessa hora. A consternação não é só dos jogadores, como também da imprensa, que desfalcou-se de grandes nomes. Difícil imaginar a Fox sem os talentos incontestáveis de Paulo Julio Clement, Victorino Chermont e Deva. Mário Sérgio, grande nome do futebol nacional, também se foi. Difícil eu assistir o Globo Esporte sem ter uma reportagem do Guilherme Marques. Não deixando de citar outros profissionais que tiveram carreiras interrompidas na tragédia.
Diante de tantas perdas trágicas, se viu ao mesmo tempo uma corrente de solidariedade que rompeu fronteiras, coisa que eu nunca imaginei que aconteceria um dia. O mundo futebolístico abraçou a Chape, seja com as emocionantes homenagens vinda de todos os cantos, uma em especial foi a ocorrida no Estádio Atanásio Girot, onde seria realizada a primeira partida da decisão. Cerca de cem mil colombianos (dentro e fora do estádio) em coro gritava "Vamo vamo Chape". Parecia que esse coro ecoava em todo o planeta, aquelas imagens vão ficar na história do futebol e nós seremos eternamente gratos aos colombianos por tanto conforto. Pois bem, aqui é o máximo que consigo escrever, pois se eu continuar a emoção tomará conta deste escriba, creio que até escrevi mais do que imaginava, mas enfim, ficará na lembrança a equipe que ganhou a simpatia dos brasileiros.
Fiquem em paz, heróis de Condá.
Força, Chape!
[N.do.E. Ontem a Chapecoense foi declarada campeã da Sul-Americana]
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