Em Geral: Carta para Neide Aparecida

(Por Carlos Alberto)

Neide, ah Neide...

Neide Aparecida, ou simplesmente Neidoca ou até Neide Apariçuda. Precisei de um tempinho pra escrever sublimes palavras de amor, carinho e afeto. Prometo não ser longo, apesar de sua história ser. Sem mais adendos, iremos começar: Lembra quando você chegou ao Arouche? Com aquela cara meio estranha, carregando um buquê de arruda soltando que o clima estava pesado ali enquanto era recepcionada por aquela bronca da patroa e por aquela cantada furada do porteiro. E em tão pouco tempo nos identificaríamos com seu jeitão desajeitado, pedindo perdão por este pleonasmo tão cafona. A gente sentiu pena quando descobriu que seu locutor de rádio favorito iria casar. Quem não se identificou? E quem não queria dar um consolo? Também não seguramos aquela risada quando cantaste que "não aguentava ser doméstica" ou que queria ver o "tico-tico" do Vavá. Foram tantos momentos em que nos divertíamos contigo...

Momentos que cada vez mais fomos colecionando com o passar dos anos. Como na vez que fez uma simpatia que deu errado e o Caco, quem diria, ficou gabado pela pobre empregada, soltando aquelas cantadas estapafúrdias como "eu queria ser o calo pra ficar na sua mãozinha". Aliás, e como rimos de todas as piadas que o verme louro fez dos seus peitões avantajados e até na vez que ele escreveu (ou tentou) um livro com todos os seus sonhos. Nos deliciamos com aquela vez que foste uma linda vedete, fazendo uma dupla imbatível com a Magda, lembramos do dia que virou amante portuguesa só pro Caco não perder uma aposta, até do dia em que encenou uma peça chamada "Tem Popozuda na Caminha do Cabral" - que educativo! E mesmo com seu jeito caricato, apoiamos e aplaudimos quando ameaçou chamar o "adevogado" pra reclamar dos seus direitos como empregada, avançando para uma palavra de ordem que era assim: "Panela e frigideira a favor da cozinheira! Com forno e fogão, vai ter revolução!". Rimos até de suas traquinagens amorosas, do jornaleiro ao Sargento Mário Mangalarga. De tantas aventuras amorosas, acabou engravidando. O pai da criança? Ninguém sabia quem era...

Ah Neidoca... esse povo te amou muito, e vai amar pra sempre. Não menos quanto a atriz que te gerou, te deu vida, forma, rebolado e loucura. A filha de Dona Palmira que a colocou no balé, nos melhores colégios, que fez de um tudo, mas terminou seminua num programa cômico servindo cafezinho. Mas nós sabemos que valeu muito a pena. Nos divertimos juntos durante sua estadia no Largo do Arouche, mas você foi embora pra fazer faxina no andar de cima, além de fazer companhia pro Ataíde, deixando o nosso riso um pouco mais triste. Partiu tão precoce, tão jovem, sem tempo de dizer um adeus digno.

Marcinha e Neidoca, agradecemos eternamente por todas as inúmeras risadas que nos proporcionou. Foi uma honra! Daqui, continuaremos rindo da sua loucura e de suas pérolas por várias e várias vezes, mas com aquela dor no peito de não poder te ver mais brilhando neste plano, de não te ver no filme do Sai de Baixo, tão aguardado pelos seus súditos acumulados por tantos e tantos anos, de não poder mais te convocar pra fazer uma faxina soltando aquele "E aííín". Vai demorar muito a se acostumar a não tê-la entre nós, sabemos, mas sua luz nos guiará por todo sempre. Dessa vez está valendo se emocionar, isso jamais vai ser coisa de pobre.

Essa cartinha acabou, mas o fim tava fraco e mandaram fazer isso aqui. Marcia Cabrita e Neide Aparecida, estejam em paz. E só tenho mais uma coisa a dizer: assim como no seu último dia de expediente no Arouche, vamos morrer de saudade.

Com carinho.





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