(por Bruno Malta)
“Uma eterna paixão, é Mocidade o meu pavilhão!”
É mais uma emoção. O texto de hoje é pra você, Morada do Samba.
A gente se basta, né? São as suas 49 primaveras que serão festejadas no dia de hoje. Difícil expressar o tanto que eu gosto de você, Mocidade Alegre. Sim, eu gosto. Você deve pensar que não. Mas eu gosto demais da conta de você. Eu brigo, eu falo mal, eu reclamo, eu critico, mas é tudo para o seu bem, Mocidade. Eu reclamo da Solange, do Sombra, do Émerson, da Karina, de todo mundo… mas não troco nenhum de vocês. Eu falo mal dos nossos sambas, mas não deixo ninguém criticar sem rebater nem que seja um versinho. Eu falo mal dos nossos enredos, mas sempre ressalto que eles são bem contados na avenida. Eu falo mal da nossa Harmonia, só que me emociono vendo nossa comunidade cantar. Eu reclamo muito do nosso campeonato em 2013, mas sempre digo que eu nunca vi luxo igual. Eu falo que não reclamo do vice de 2015, mas lá no fundo, sei que na verdade, os verdadeiros campeões somos nós. Eu posso falar que a Solange aparece muito (e aparece mesmo), mas só nós sabemos que sem ela, nada disso aconteceria, né? Eu posso falar que o Sombra cagou tudo no paradão em 2016 (e cagou mesmo), mas sem ele, não teria aquele coração que me fisgou pra você.
Eu também reclamo da nossa Harmonia, mas foi ela que me fez chorar no Anhembi em 2013. E pra falar de choro sem lembrar-se de você? Quantas vezes você sabe que eu chorei por você, hein? 2009 eu quase me desidratei. Você sabe. Foi nossa primeira vez lado a lado, mal sabia eu que seria pra sempre. 2010, estivemos juntos na dor da derrota, aquele 9,75 ainda nos dói…, mas no seguinte seria pior, né? Aquele carro lindo, que nosso carnavalesco fez jamais vai sair da nossa memória, né? Mas superaríamos, tendo muito sangue guerreiro e com muito axé no peito. Ah, 2012… o primeiro do nosso inesquecível tri-campeonato juntos. Tantos tentaram nos atacar, tantos tentaram nos difamar, mas nosso povo tem brio e gritou naquela avenida que tem muito sangue guerreiro pra berrar é campeão! 2013 foi o ano do nosso bicampeonato, você sabe que não tenho muito orgulho desse título (não quer dizer que eu não tenha comemorado — e você sabe que eu comemorei), mas é impossível esquecer-se da riqueza de detalhes daquele conjunto alegórico. Tão lindo, tão belo… como foi o nosso tri-campeonato. Quem tem fé de verdade, vai além. E nós temos fé, nós temos tanta fé que acreditamos em Marília Pêra. Ah, Mocidade, como eu fiquei irritado, tanta raiva eu senti durante aquele pré-carnaval, quase igual à fé que tive naquela apuração. Nós sabemos que foi injusto, mas deixem-nos pensar que mereceram… e o que dizer de 2016? Nós não viemos com aquele luxo, mas que sacode, que show nós demos… Se não fosse o paradão, a taça tava na nossa casa. Agora chegou a hora de falar do nosso cinquentenário. Eu sei que eu tô meio bravo com você porque o enredo não é bem a nossa história, mas nós sabemos que quando tocar aquele “Lá vem ela, simplesmente poesia…” no Anhembi eu vou chorar. Eu tenho coração de manteiga quando se trata de você, Mocidade. Você é a minha escola. É a minha vida. É o verdadeiro orgulho deste sambista! Parabéns para nós! 49 anos de muita história pra contar!
Deixa quem quiser falar, onde o samba fez morada é o meu lugar!
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