(por Carlos Alberto)

Uma triste notícia pegou de surpresa o mundo carnavalesco neste fim de semana. A São Clemente, de tantos carnavais marcantes como "E o samba sambou", "Capitães de Asfalto" por exemplo, pode sofrer um duro golpe visando sua preparação para o carnaval de 2017: perder a sua quadra de ensaios localizada na Avenida Presidente Vargas, onde permanece há 13 anos. Explicando o caso: o terreno pertence ao governo federal, e a agremiação trava uma batalha judicial para permanecer no espaço desde então, porém, ao que parece (não entendo muito de assuntos judiciais) a justiça decidiu pela reintegração de posse, o que obrigaria a preta e amarela a deixar o local. A escola foi notificada sobre o assunto na quinta-feira e a quadra deverá ser lacrada amanhã. Um baque que nenhuma comunidade merece ter. Ato contínuo, a escola foi as redes sociais convocou seus torcedores para fazer o "Manifesto Clementiano" durante reunião das escolas do Especial com o prefeito Eduardo Paes, que coincidentemente será realizado na quadra da escola. O manifesto é dado como uma última tentativa de se manter no local que tanto ama.

É mais um atentado contra a nossa maior expressão popular. Faço minhas as palavras do presidente Renato Almeida Gomes, o Renatinho, em entrevista ao Sambarazzo: "É uma coisa brusca, violenta. Entre os componentes, tá todo mundo enlouquecido, ninguém tá entendendo nada. Eu sou um simples mortal, sou igual a todo mundo". E de fato, é uma coisa violenta. Posso usar aqui todas aquelas expressões batidas e repetitivas porque é muito necessário: é inaceitável, brutal, inacreditável, entre outros. Isto não é justo com uma comunidade que luta um ano inteiro para colocar seu carnaval na rua. Não só com a São Clemente como também com as demais escolas (inclusive a minha) que passassem por esta situação. Enquanto temos alguns presidentes de várias escolas declarando apoio ao candidato da situação pelo simples fato de ter a quadra reformada, temos um outro presidente que, aos prantos, implora para a sua escola não perder um espaço que, mesmo sendo de propriedade federal, foi e é palco de muitas alegrias para os clementianos e amantes do carnaval. Passo por lá toda vez que vou ao Rio, nunca entrei, dizem que é um ambiente ótimo, e eu acredito. Espero e torço que a força de seus apaixonados possa ser suficiente para que a São Clemente se mantenha em sua quadra. E se o prefeito gosta mesmo do samba e do carnaval, que tenha complacência e transparência para ajudar a São Clemente, e que não seja mais uma jogada para puxar votos para seu candidato. Por esta luta, o samba veste preto e amarelo, pois como a própria escola canta: "Clementiano é fiel, não abandona".

Independente das bandeiras que torcemos, somos apenas uma família: a família do samba. O samba não pode sambar outra vez.

#ForçaSãoClemente