(por Carlos Alberto)
Em um domingo a noite, lendo minha timeline (ou a TL, como é popularmente conhecida) de uma rede social minha, como diariamente faço, percebo que alguns amigos conversando sobre alguns desfiles do Salgueiro, mais precisamente no período dos últimos dez anos - focando no período do fim da década de 2000 e início de 2010. De tanto que a conversa se prolongava, resolvi então sair das atualidades e ter um lado "pitada histórica" nesta coluna. Decidi então escrever sobre quatro destes desfiles. Nem pense que foi uma tarefa fácil. Tirei o último feriado para rever os desfiles em questão e ler alguns resumos dos mesmos, até porque não lembrava muito de cabeça da maioria destes. Pois bem, os escolhidos são estes que o leitor verá a seguir.
Vamos começar esta pequena história por 2007 (foto e vídeo acima), onde o Salgueiro vinha de um caótico décimo primeiro lugar - pior colocação da história. A proposta do tema "Candaces" era, como está na sinopse, contar a história da dinastia de rainhas da África Oriental que comandaram, antes da era cristã, um dos mais prósperos impérios do continente, através do qual a força da mulher negra se faz presente em lutas, conquistas e no legado matriarcal que venceu o tempo e as distâncias. Em termos de samba o Sal não deixou a desejar, uma bela obra onde destaco o lindo verso "Mães feiticeiras, donas do destino.../Senhoras do ventre do mundo/Raiz da criação". Porém, diz aquele velho ditado, nem tudo eram flores. Na semana anterior ao carnaval a escola perdeu seu então vice-presidente, assassinado em frente a quadra da escola. Mas vamos falar do desfile: a Academia entrou na Sapucaí e fez uma ótima apresentação (apesar dos problemas de harmonia) e se credenciou ao título. Na apuração, ficou com um exagerado sétimo lugar, quando devia sair no máximo com o vice-campeonato - opinião quase unânime entre os bambas. Passamos agora para o ano seguinte, cujo o enredo foi o Rio de Janeiro, pouco a resumir sobre esta apresentação, já que, mais uma vez, um ótimo desfile da Academia: competente, requintado, criativo, alto astral e fácil de compreender o enredo. Conjunto visual de ótimo gosto. O único senão foi o samba-enredo que não explodiu. Terminou com o vice-campeonato (1,3 atrás da Beija-Flor) apesar de um estranhíssimo 9.2 em Harmonia.
Agora aportamos em 2009, onde a vermelho e branco contaria sobre o Tambor. Confesso que, ao consultar a sinopse, fiquei bem surpreso com a simplicidade e clareza que apresenta o tema. Reproduzo aqui um trecho que gostei bastante: "De culturas. De povos. Do Oriente, do Ocidente. Da arte e do vigor. De História. De glórias e vitórias. De crenças e mitos. De celebrações.". O samba escolhido, da parceria de Moisés Santiago, não era o preferido da maioria, mas caiu como uma luva num verdadeiro sacode salgueirense. E que sacode, amigo. Somado ao impecável conjunto visual (méritos do casal Lage por nos brindar com conjuntos visuais tão esplendorosos) não podia dar outro resultado a não ser o campeonato após 16 anos de espera. O tambor da Academia ecoou e muito. Para finalizar, peço licença ao desfile de 2010 (carnaval este que o editor não costuma lembrar) para falar do desfile de 2011. Apresentando "O Rio no Cinema", a Academia prometia um grande desfile como de costume, e de fato fez: excelente concepção de alegorias e fantasias. Mas (como toda coisa sempre tem que ter um "mas") a Academia se estrepou em sua evolução, jogou a apuração para as favas, ultrapassou dez minutos do tempo máximo de desfile e perdeu 1 ponto, fora os descontos dos julgadores. Resultado, um justíssimo quinto lugar. Lembro que fiquei angustiado com a desastrosa evolução salgueirense...
Enfim, aqui foi uma pequena contribuição para contar um pouco sobre o passado recente do carnaval, ainda que de apenas uma agremiação. Salve a Academia do Samba!
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