Em Geral: Segundo Turno Eleitoral

Caríssimos leitores, com uma semana de atraso (ao qual, de antemão, já peço desculpas) lhes trago uma análise sobre o segundo turno das eleições municipais no estado do Rio e algumas partes do Brasil. Entre eleitos, reeleitos e um festival de abstenções, segue abaixo toda a análise.

Rio de Janeiro - A hora enfim chegou

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Um dos jingles da campanha de Marcelo Crivella (cantado pelo próprio, inclusive) dizia assim: "Chegou nossa hora, a hora de mudar a nossa história". Curiosamente, a frase acabou sendo profética. Após duas tentativas de chegar a prefeitura (2004 e 2008) e outras duas para o governo do estado (2006 e 2014) o candidato do PRB enfim ganhou uma eleição que não fosse a do Senado. Crivella venceu com 1.700.030 votos, equivalente a 59,36% dos votos válidos. O oponente, Marcelo Freixo (PSOL) terminou com 40,64% - 1.163.662 votos. Pela primeira vez desde sua fundação, o PRB faz uma prefeitura em uma capital. Ao reconhecer a derrota, o psolista agradeceu a sua militância pela campanha e admitiu que pode concorrer ao senado em 2018, se isso acontecer, pode ter pela frente (de novo) a extrema direita liderada por Flávio Bolsonaro. Voltando a falar do eleito, no discurso da vitória, Crivella agradeceu os votos e pediu a Deus para "que essa modesta vida pública possa deixar para todos os cariocas esse ensinamento de que sempre chega a nossa vez quando a gente não desiste". Aliás, Crivella disse durante o segundo turno que o seu secretariado teria técnicos e seria ficha limpa, mas os ex-adversários Osório, Indio da Costa e Flávio Bolsonaro estão cotados para integrar a equipe - o que até gerou um mal estar com o seu vice, Fernando MacDowell. Só pelo Crivella não ter batido na trave dessa vez rendeu homenagens bem humoradas e até um "Fala Que Eu Te Escuto" (programa produzido pela Igreja Universal) bem imparcial, se o leitor me entenda. Citações a parte, vamos esperar (sentados?) o próximo governo que prometeu cuidar das pessoas.

Niterói - Vale a pena ver de novo (parte 2)

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O filme de 2012 se repetiu: Rodrigo Neves derrotou Felipe Peixoto. De novo. O candidato do PV foi reeleito com 58,59% dos votos válidos, contra 41,41% do postulante do PSB. Além de exaltar pela enésima vez as conquistas de seu primeiro governo. Rodrigo afirmou que seu foco será na segurança: "Acredito que a política  de segurança pública do estado hoje é um grave equívoco, que produziu consequências muito ruins na região metropolitana". Para efeitos de curiosidade: com a reeleição de Rodrigo, o hoje deputado estadual Comte Bittencourt retorna à vice-prefeitura da cidade, posto que ocupou na gestão Godofredo Pinto (2005-2009) e isso aconteceu porque o atual vice, Axel Grael, teve o registro impugnado durante a campanha e deverá ser secretário de governo a partir do ano que vem. Pelo outro lado, Felipe disse que vai concorrer a prefeitura em 2020, se isso se confirmar, vai ser necessário uma boa rezadeira se ele não quiser perder de novo...

São Gonçalo - A tradição que engoliu a onda

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O candidato do PPS, Dr. José Luiz Nanci, venceu a disputa gonçalense com 53,63% dos votos válidos. A tradicional família Nanci engoliu a "onda verde" liderada por Dejorge Patrício (PRB) que terminou com 43,67%. Ainda se recuperando da cirurgia no pé esquerdo que fraturou no sexto dia de campanha, o novo prefeito limitou-se a dizer que vai analisar as contas públicas e o orçamento do município, e que saúde e educação serão prioridades no governo dele. A título de curiosidade outra vez: depois de dezesseis anos, o gonçalense volta a levar à risca o famoso bordão "chamou o doutor", que curiosamente, Nanci foi secretário da referida gestão. Veremos se dessa vez o "Chame o Doutor versão 2016" vai dar certo.

Caxias - Ele voltou...

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Indo pra Baixada, o eleitor caxiense levou à risca aquele verso do jingle: "Ai que saudade do Washington Reis". O deputado federal do PMDB está de volta a prefeitura que ocupou entre 2005 e 2009, mas não foi nada fácil, a vitória veio de virada e nas últimas urnas. Reis terminou com 217.800 votos (equivalente a 54,18%) enquanto que seu oponente Dica (PTN) que liderou boa parte da apuração ficou com 45,82% dos votos. Famoso por ser grande amigo e aliado do ex-deputado Eduardo Cunha, o novo (velho) prefeito disse que vai se comprometer a prevenir as enchentes que assolam a cidade em época de chuvas e a implantar um programa de coleta seletiva de lixo, um dos principais problemas de Caxias. É esperar pra ver.

Nova Iguaçu - No vira vira virou...

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Rogério Lisboa, do PR, desbancou o prefeito Nelson Bornier (PMDB) e vai comandar Nova Iguaçu pelos próximos quatro anos. Curiosamente, a virada começou no tribunal, já que em 6 de outubro o TRE deferiu sua candidatura e determinou o segundo turno na cidade. E foi um passeio: Lisboa venceu com nada menos que 63,91% dos votos, ou seja, pouco mais de 238 mil votos, enquanto Bornier teve que se contentar com 36,09% da preferência dos iguaçuanos. Após a vitória, o prefeito eleito afirmou que sua prioridade é "botar pra funcionar o que não funciona. Postos de saúde parados, escola sem aula regular e vamos encontrar a cidade no caos. Caos total, financeiro. salário atrasado de professor, salário atrasado do funcionário público inclusive aposentados". Podemos dizer que Rogério "venceu por música" até porque tinha um jingle digamos, divertido.

Pelo Rio...

Em Belford Roxo, Waguinho (PMDB) precisou vencer duas vezes pra valer uma. Explica-se: o deputado estadual terminou o primeiro turno com cerca de 72% dos votos, isto graças a indeferimento da chapa de seu principal oponente Dr. Deodalto (DEM) que, dias depois, conseguiu no TSE o direito de ir ao segundo turno na cidade, mas não adiantou muita coisa. Waguinho conseguiu 49,46% dos votos válidos enquanto Deodalto 31,74%. Em Petrópolis mais um troco: Bernardo Rossi (PMDB) foi eleito com 52,65% dos votos, derrotando o atual prefeito Rubens Bomtempo (PSB) que terminou com 47,35%. Rossi havia perdido para Bomtempo no mesmo segundo turno em 2012, e desta vez, saiu vencedor. Em Volta Redonda, vitória de Samuca Silva (PV) com 54,60% contra 45,40% de Baltazar, do PRB.

Pelo Brasil...

Alexandre Kalil (PHS) fala como prefeito eleito de Belo Horizonte (Foto: Reprodução/TV Globo)

Em Porto Alegre, vitória de Nelson Marchezan Jr (PSDB) com 60,50% dos votos, derrotando o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) que terminou com 39,50%. Curiosamente, nenhuma pesquisa antes mesmo do primeiro turno o apontava em primeiro. Com 53,25% dos votos, os curitibanos reconduziram Rafael Greca (PMN) depois de vinte anos. Paulo Câmara (PSB) foi reeleito em Recife, bem como Roberto Cláudio (PDT) em Fortaleza. Já em Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB) foi reeleito com 52,33% dos votos válidos, mas a eleição pode ter uma reviravolta, já que o TRE cassou a candidatura do prefeito por uso da máquina pública na campanha. A coligação recorreu, e se o resultado da primeira instância for mantido, quem herda a cadeira é Edmilson Rodrigues (PSOL). Por fim, uma virada um tanto inesperada: Alexandre Kalil (foto acima), ele mesmo, ex-presidente do Atlético foi eleito para a prefeitura de Belo Horizonte com 52,98% dos votos válidos, enquanto que o oponente, João Leite (PSDB) terminou com 47,02%. O vira-vira que começou quase que na metade do segundo turno ocasionou a grande derrota de Aécio Neves em seu reduto eleitoral. Em sua primeira entrevista, Kalil ironizou com a seguinte pérola: "acabou a coxinha, acabou a mortadela, o papo agora é quibe".

E o grande campeão é...

O grande vencedor das eleições de 2016 são... as abstenções! Só na capital fluminense foram simplesmente quase 27% de ausentes, fora que os votos brancos e nulos somaram 20%. Em São Gonçalo foram 25,61%, em Niterói, 22,31%. Prova cabal de quão o brasileiro está descrente da política nos últimos anos. É preocupante, no mínimo que se pode dizer.

E paramos por aqui. Em 2018 tem mais, e este período pré eleitoral promete ser bem agitado...

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