(por Carlos Alberto)
É troca-troca de lá, é troca-troca de cá...
Esta pequena paródia de um verso do samba-enredo da Mocidade foi uma tentativa de demonstrar que a televisão é uma caixinha de surpresas, até mesmo quando são as mais improváveis. Encerrei 2016 falando sobre o rádio e começo 2017 falando sobre a telinha, mais precisamente sobre a emissora que é localizada na Avenida das Comunicações, ou melhor dizendo, sobre seu histórico de mexidas drásticas em sua programação e avisando em cima da hora. O SBT se viu no meio de (mais) uma polêmica na semana passada, ao anunciar o cancelamento do "Clube do Chaves" - resgatado para alavancar a audiência da faixa das 13h, que ia de mal a pior - para promover o retorno do "Primeiro Impacto", o mesmo telejornal que era apresentado pelo controverso Dudu Camargo - o rapaz das dancinhas constrangedoras antes das 8 da manhã, que tem forte rejeição do público e crítica. A decisão radical, evidentemente, causou revolta nos fãs do seriado, que até lançaram um manifesto em redes sociais com a tag "#SemChavesSemSBT", ameaçando um boicote ao canal de Silvio Santos caso a decisão fosse levada adiante. Três horas depois, a emissora voltou atrás e adiou a reestreia do jornalistico - se é que ela vai acontecer.
Não é mais segredo que o SBT (leia-se Silvio Santos) é fã costumeiro de mexer na grade sem aviso prévio, e as últimas a meu juízo foram bem polêmicas, a começar pela desnecessária extinção sumária do Jornal do SBT para o prolongamento do SBT Notícias, telejornal exibido durante as madrugadas - aliás, uma ótima ideia que precisa ser consertada, haja vista as diversas falhas técnicas que ocorrem em média a cada dois dias. E quando a coisa parecia que não podia piorar, piorou. Eu já vi programas que duraram dois, três meses (aliás, registra-se que a RedeTV abusou deste recurso no ano passado) mas a tentativa de retirar uma atração que começou em uma semana é algo inédito - pelo menos até onde sei. Se for analisar detalhadamente a decadência de conteúdo que a TV aberta possui atualmente, concluiria categoricamente que o Chaves, inegavelmente, é um dos melhores programas que dá para assistir atualmente, mesmo sendo exibido há três décadas em terras tupiniquins. Tem fãs de todas as gerações pela simplicidade e pelo humor inocente, pelas piadas que, mesmo consideradas ultrapassadas, ainda nos fazem rir, e vai além disso. É nítido que o SBT está desesperado para alavancar a audiência para derrotar "A Hora da Venenosa", quadro da edição paulista do Balanço Geral que diversas vezes lidera o Ibope - aliás, umas das coisas mais inexplicáveis da televisão atualmente - vide a fracassada investida no "Fofocando", programa que a meu juízo só foi piorado graças a desnecessária presença de Mara Maravilha na atração. Quanto a Dudu Camargo, escrevi em texto de outubro que ele é um desserviço para a TV, e não mudo uma vírgula. O pior é que depois o grande jornalista (se é que o leitor entenda a ironia) afirmou que "os inimigos me promovem" - há relatos na casa de que o garoto é bem "nariz em pé", como se diz na gíria popular. Pouco depois, o próprio Silvio disse que "enquanto der mídia, ele continua", como se mídia fosse mais importante que a audiência - pífia, aliás.
Outro dia li uma coluna do Flavio Ricco no UOL e sinceramente não acreditei no que li, disse que o Chaves era "um produto tão ultrapassado já se repetiu centenas de vezes". Para efeitos de curiosidade, dias depois, surgiu a notícia da saída da criação de Roberto Bolaños da grade, dando a nítida impressão de que alguém em Osasco leu a referida coluna. Fiquei pensando quem queria mandar na programação do veículo: o Silvio Santos, dono da emissora, ou o Ricco, por ser sogro de uma das principais estrelas da casa. Evidentemente, a citação é uma analogia irônica da minha parte. Como disse anteriormente, o seriado de Bolaños é um sucesso que atravessa gerações - e certamente passará por outras - e salvou a pátria do SBT por diversas vezes - vide matéria publicada pelo mesmo UOL há nove dias - por sua leveza. Numa história que daria um bom enredo de novela mexicana, destas que o mesmo veículo exibe - uma bomba-relógio está prestes a estourar nas mãos da emissora: manter o enlatado e continuar com os altos índices ou apostar no perigo numa tentativa de desbancar a cobra. Só quem vai decidir isso é o homem do baú.
Aguardamos os próximos capítulos.
Imagens: Twitter (Revista Absurda, Nos Trends Brasil e Fórum Chaves)
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