Sexta Dissonante: O nosso samba está... Só Pra Contrariar

(por Carlos Alberto)

Caros leitores, como devem ter percebido nesta mudança repentina aqui no blog, assumirei mais uma coluna a partir deste ano. Além da já conhecida "Em Geral" onde abordo os assuntos do cotidiano, estreio hoje a "Sexta Dissonante" que falará sobre música, que obviamente faz parte da vida de todos nós. Antes do texto em si, vai a explicação do nome: Sexta, evidentemente, é alusão ao dia que abre as portas para o fim de semana, quando os adeptos da noite saem pra curtir um som, seja num barzinho ou numa boate. E "Dissonante" é inspirado num verso do samba de 2011 do Salgueiro ("Em um simples instante/Orfeu vence as dores em som dissonante"). Esta coluna, sugestivamente, vai ao ar toda sexta-feira - se não for possível, a cada duas semanas - com a simples intenção de trazer um pouco da história da nossa música (ou o que restou dela) para o leitor começar bem o fim de semana. Isto posto vamos começar a bagaça. Confesso que foi uma tarefa ingrata escolher qual artista ou conjunto musical para fazer esta estreia, até que no apagar das luzes veio a definição. Começo esta nova coluna com um grupo de nasceu lá no triângulo mineiro com um samba de Rio de Janeiro... já adivinhou, não é?

No palco de estreia da Sexta Dissonante, dizendo "trem bom", "uai", "porque" e mostrando que o samba não tem fronteiras... Só Pra Contrariar!

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O grupo de pagode  formado em 1989 na cidade de Uberlândia, Minas Gerais. No início da carreira, o grupo foi integrado por Alexandre Pires (voz); Serginho Sales (teclado); Hamilton Faria (saxofone); Juliano Pires (percussão); Luis Vital (contrabaixo); Rogério Viana (percussão); Fernando Pires (bateria e voz); Luis Fernando (percussão) e Alexandre Popó (surdo). O primeiro CD foi lançado pela BMG em 1993. As canções "Que se chama amor" e "A barata" foram executadas exaustivamente em quase todas as emissoras de rádio, chegando o disco a vender 900 mil cópias. Em 1995, lançou o álbum "O samba não tem fronteiras", outro sucesso de vendas que reuniu 20 mil pessoas em show homônimo no Rio de Janeiro. As músicas que ficaram conhecidas desse disco foram "Tão só", "Dói demais" e "Nosso sonho não é ilusão".









Em julho de 1996 foi lançado "Só Pra Contrariar Futebol Clube", o primeiro gravado ao vivo. Nele estavam reunidas as músicas já conhecidas dos dois álbuns anteriores, contando com apenas uma faixa inédita: "Tributo aos Mamonas", composta em homenagem aos integrantes do Mamonas Assassinas, mortos em um acidente de avião quatro meses antes.



No ano seguinte, o SPC lança aquele que seria o álbum de maior sucesso da carreira - e que, junto com o escriba, completa vinte anos em 2017. O carro-chefe da bolacha digital era apenas "Depois do Prazer", que na época tocou incansavelmente nas rádios de todo o país - e que virou uma espécie de hino do pagode brasileiro. O CD azul e amarelo ainda revelara outros sucessos como "Mineirinho", "Tá por Fora", "Quando é Amor" e "Você de Volta" - esta com um arranjo de metais e cordas muito interessante. O álbum foi um sucesso de vendagem, passando dos dois milhões de cópias - coisa que hoje em dia não se repete, ou melhor, são convertidos em visualizações de plataformas digitais. Aliás, quem ouvir este disco de forma bem detalhada vai notar que a voz de Alexandre já estava bem diferente dos álbuns anteriores.



Em 1998, o grupo "relançou" o álbum anterior com versões em espanhol dos maiores sucessos deste, além da regravação de "Pecado Capital" de Paulinho da Viola, que seria usado na trilha sonora (e na abertura) do remake da novela homônima feita naquele ano. Na sequência, veio o que considero os melhores álbuns produzidos pelo grupo, em termos de repertório e arranjos: o de 1999, contendo sucessos como "Interfone" (que na letra tem uma ótima sacada, citando os programas noturnos exibidos na época, como o "Intercine" e o "Perfil") e "Sai da Minha Aba", além de "Machuca Demais" que havia sido gravada anteriormente pela ainda promissora dupla Bruno & Marrone. Depois veio "Bom Astral" (2000) com "Quem Dera" e "Você Virou Saudade", além de conter "Balada da Noite" - primeira faixa do disco - em que Alexandre divide-a com Jorge Ben Jor e seu "mais que nada". Aliás, duas curiosidades sobre esse CD: o seu título foi escolhido numa tentativa (bem sucedida) de afastar a maré de azar do grupo, ocasionado por muitas fofocas envolvendo Alexandre - entre elas, um acidente em que o cantor se envolveu. A segunda é sobre o CD em si, a faixa "Miragem" foi a primeira música do grupo gravada na voz de Fernando Pires.





O CD que fechou a "Trinca de Reis" (perdoem o trocadilho infame) de ótimos arranjos e canções também ganhou registro em DVD. "SPC Acústico" fora gravado no Tom Brasil (que já foi HSBC Brasil) em abril de 2001 e lançado no ano seguinte. Nele, o grupo mineiro faz lindas releituras de grandes sucessos - incluindo a regravação de "Minha Vida" de Lulu Santos - e divide o palco com grandes nomes da nossa música como Fábio Jr (em "Essa Tal Liberdade"), Gilberto Gil (num pout-pourri juntando "Mineirinho" e "Forró no Escuro"), Leonardo (em "Solidão") e Caetano Veloso (em "Final Feliz"). Aliás, uma curiosidade que quase ninguém percebeu no DVD: Caetano não pode ir ao show de gravação do álbum, e por isso, a produção deu um "jeitinho" de juntá-los, botando os dois num chroma-key - mal feito, aliás - para gravar a participação do veterano. Só que o disfarce é desmontado graças a alguns descuidos da edição. Percebam no vídeo abaixo - principalmente aos 3:24.



O excelente álbum acústico surpreendentemente acabou sendo o último com o time completo, até porque, Alexandre anunciara no mesmo ano sua saída do SPC para seguir carreira solo, abrindo espaço para o irmão Fernando assumir os vocais. No ano seguinte, é lançado "Produto Nacional" álbum gravado numa linha muito diferente dos CDs anteriores do conjunto, voltado mais ao pagode de raiz. Mesclando inéditas e regravações, o disco teve boa repercussão, tendo "Minha Fantasia" e "A Rede" como os grandes sucessos. Seguindo o mesmo padrão, já em 2004 foi lançado "Produto Nacional II", todavia, não teve o mesmo êxito do primeiro. a única música que teve uma repercussão razoável foi "Ela é Jogo Duro" (versão de "Crazy in Love" de Beyocé).





Em 2005, a maioria do grupo - a exceção de Fernando - saiu e o SPC deixou dos holofotes. No período de "anonimato" o grupo lançou "Seguindo em Frente" (2007) e mais um DVD: "Simbora meu Povo" de 2010, ambos sem grande repercussão. Entretanto, a coisa viria a mudar três anos depois, quando em março de 2013, Alexandre Pires anuncia seu retorno ao SPC para a turnê de 25 anos do conjunto. Além dele, toda a formação original - a exceção de Rogério, que se converteu à Igreja - se juntou novamente para comemorar duas décadas e meia do grupo. O fruto desta turnê foi o álbum "SPC 25 Anos - Ao Vivo em Porto Alegre" que mesclou os conhecidos sucessos com algumas inéditas ("Não dá pra desligar", "Se você chorar" e "Me Perdoa" - o grande sucesso do disco) além de "Ao Som do SPC" que marcou o retorno do grupo e "Recordações" gravada um ano antes em um dueto de Alexandre com o próprio grupo, antes de seu retorno, no álbum "Eletrosamba".



E hoje, por onde cantam?

Com o fim da turnê de 25 anos (janeiro de 2015) Alexandre saiu do grupo novamente para retornar a carreira solo. Junto ao cantor, também saíram Hamilton, Serginho e Luis Vital. Fernando retornou aos vocais, agora sob a companhia de outro irmão da família Pires, João Júnior - anteriormente back vocal da banda de apoio. No mesmo 2015, lançaram o single "Goiabada e Queijo", que seria parte integrante do EP "Samba Pop" lançado no ano passado, da onde também vem a canção "Cai Fora". Segundo matéria recente do G1, a intenção do grupo é gravar um novo DVD e fazer uma turnê com o Cidade Negra.





Top-3 do editor.

Vamos curtir mais um pouquinho do SPC? Senta o dedo no play!







Essa foi a primeira das muitas Sextas Dissonantes que passaremos juntos. Qual artista você quer ver por aqui? Conte pra nós. E quer saber quem estará por aqui na próxima semana? #Descubra! Até lá.

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