Os Carros das Capas: De 1990 à 1996

Leitores, hoje darei início a série "Os Carros das Capas" que vai relembrar em quatro capítulos as alegorias e até componentes que ficaram eternizados nas capas dos CDs do Grupo Especial. Pela primeira vez é feita uma série sobre as capas dos álbuns de samba-enredo. Vai ter certas situações em que vou abordar mais a capa do que a alegoria, fora isso e sem mais delongas, vamos começar.

1990

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Começamos então por 1990, ano que pela primeira vez os sambas do Grupo 1 (que abandonaria esta denominação no mesmo ano) eram comercializados em CD, sem abandonar o LP e o K7. E para estampar a capa, a bela imagem do belíssimo abre-alas da Imperatriz, campeã de 89 - carnaval que ficou na história - representando as asas da Independência, além da tarja vermelha com o patrocínio da Kaiser. Aliás, propagandas de cervejas na capa do LP/CD eram bem comuns na época. Mas, para a tristeza dos amantes da folia, o inesquecível cristo mendigo da Beija-Flor foi simplesmente ignorado na contracapa. Ainda sobre este álbum, uma curiosidade: quando o comercial do dito cujo passava na TV, era executado o samba da Mocidade, ao invés da então campeã Imperatriz. Mal sabíamos que a propaganda televisiva acabara profetizando quem seria a capa do ano seguinte...

1991





Já denominado de Grupo Especial, o álbum de 1991 trouxe em sua capa o lindo abre-alas da Mocidade, que em 90 virou o jogo, levou a taça e todo o povo aplaudiu. Quem tem este álbum em casa com certeza não se arrependeu de comprá-lo, já que neste ano tivemos sambas clássicos como da própria Mocidade, além de Ilha, Viradouro, Imperatriz, etc. A título de curiosidade: no LP, além da foto da campeã na capa e da vice na contracapa, havia no verso de ambos os LPs (outra vez, os sambas eram comercializados em LP duplo) as fotos dos desfiles da 3° colocada, no caso o Salgueiro, e da 4° colocada - que foi a Imperatriz. Outra curiosidade: como é de conhecimento do leitor, no ano anterior a verde e branca foi a terceira de segunda-feira, ou seja, desfilando a noite, entretanto, nota-se na imagem que a alegoria da verde e branca desfilava já com o dia claro, isso porque a foto foi feita no desfile das campeãs.

1992





O chuê chuá da estrela-guia de Vila Vintém em 91 lhe garantiu um ano mais na capa do álbum, capa aliás que trouxe uma bela imagem feita da saudosa torre (aliás, 90% das imagens foram feitas de lá) onde retrata a inesquecível comissão de frente representando "Os Mergulhadores" tendo ao fundo o abre-alas entitulado "A Dança das Águas Submarinas"- mais no fundo aparece a segunda alegoria "Terra: Planeta Água" e o restante dos primeiros setores da escola. Tudo caminhava para a Mocidade estampar também a capa de 93, mas, como veremos adiante, não foi bem assim...

1993




...isso porque a estonteante Paulicéia Desvairada do Estácio impediu que Padre Miguel se visse na capa pela terceira vez consecutiva, e consequentemente a empurrando para a contracapa. O exuberante e inesquecível desfile do Leão foi bem representado pela imagem de seu abre-alas, que retratava o Theatro Municipal de São Paulo. Assim como aconteceu em 91, a foto da capa foi feita no sábado das campeãs, e percebe-se que o letreiro do abre-alas que levava o nome da agremiação estava aceso, diferente do desfile oficial, quando o mesmo passou apagado por mais de metade da avenida. O álbum de 1993 foi o primeiro gravado no saudoso Teatro de Lona da Barra da Tijuca, e também foi a última vez que a Kaiser estampou sua marca no álbum.

1994





O CD/LP mais bem gravado da história merecia uma bela imagem de um dos melhores desfiles da história, certo? Certo! O abre-alas "A Festa do Círio de Nazaré" foi escolhido para retratar o "Explode Coração" que sacudiu a Sapucaí e levou o Salgueiro a vitória depois de 18 anos, pena que a Academia teve que esperar mais 16 anos para repetir esse feito. Aliás, pela primeira vez os dizeres de campeã eram estampados tanto no CD quanto no LP, sendo que o letreiro veio escrito "Salgueiro campeã" ao invés de "campeão", coisas da língua portuguesa... Pela primeira vez, a Brahma estampava sua marca no CD, numa parceria que durou 4 carnavais, e na contracapa aparecia a Imperatriz. Só que o encarte cometeu algumas gafes absurdas, como colocar a Mocidade como vice-campeã do ano anterior no verso e creditar o saudoso Edimilton di Bem também como intérprete da Imperatriz... Aliás, por falar em Salgueiro e Imperatriz em capa e contracapa, aconteceu o inverso no ano seguinte, como veremos em seguida.

1995




No projeto gráfico do álbum de 95 aconteceu o inverso de 94, a Imperatriz foi da contracapa para a capa e o Salgueiro vice-versa. Para a capa, foi usado o mesmo (ou o parecido) recurso de 92, uma imagem tirada da torre onde o foco era o belo abre-alas da gresilense, a imagem acabou pegando também, embora com menos destaque, parte da excelente comissão de frente - comissão esta que é uma das minhas preferidas. Até mesmo o letreiro temático da Brahma sobre a Copa de 94 (vencida por nós, felizmente) apareceu, embora que no fundão da foto e coberta pelo título do disco.

1996




Para registrar o (para muitos) contestável bicampeonato da Leopoldina, a gráfica optou por um recurso usado pela última vez em 1989: não colocar o abre-alas na capa. Representando o desfile de 95, o foco central foi a alegoria "Palácio na Argélia" - a 5° desta apresentação, alegoria que até acho bonita - além de dois recortes do abre-alas e um da ala das baianas. Por causa de tais recortes, o patrocínio da Brahma desapareceu da capa, restando apenas os dizeres "Imperatriz Bicampeã" num círculo verde. Na contracapa, avistamos a linda águia da Portela, que muitos acham que deveria ser a capa...



No próximo capítulo da série "Os carros das capas" vou contar sobre as alegorias (e componentes) que estamparam as capas dos CDs de samba-enredo entre 1997 e 2002.

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