Em Geral: Rápidos pitacos sobre as disputas de samba e o seu mito

Começou oficialmente o carnaval 2017. Até porque já estão acontecendo as disputas de samba-enredo, quanto no Rio tanto em São Paulo. O foco do texto será as disputas do Rio, onde já foram divulgados sambas concorrentes de Tuiuti e Grande Rio pelo Especial, além de Unidos de Padre Miguel, Estácio de Sá, Porto da Pedra, Império da Tijuca, Inocentes, Alegria da Zona Sul, Rocinha e Sossego pela Série A - sendo que, outra vez, a Renascer encomendará sua obra para Moacyr Luz e parceria. Antes, voltaremos a São Paulo, que já conhece o bom samba da Tom Maior (da parceria de Maradona e cia.) e o fraco samba da Mancha Verde (de Celsinho e cia, em decisão polêmica) isso sem contar as reedições de Leandro de Itaquera, Camisa Verde e Branco e o inédito da Colorado do Brás, ambas do acesso. Isto posto, voltaremos ao Rio de Janeiro.



Pra começar, fico impressionado como saíram safras tão ruins logo de cara. Inocentes e Imperinho que o digam. Em Belford Roxo sambas absolutamente fracos (e olha que acho o enredo sobre os vilões bem interessante) sendo que um deles, aquele que "vai virar pelo avesso de trás pra frente" e etc com rimas bem fracas, apenas uma obra se salva - a de Serginho Castro. Já na Formiga a safra é muito aquém do que o enredo pede, nenhum se sobressai, porém não no mesmo nível de ridículo da primeira. Saiu a safra de Padre Miguel, e o nível melhorou um pouco, temos três obras (Dudu Nobre, W. Correa, e L. D' Vincci) com reais chances de vitória. A Estácio tem sambas medianos, também abaixo do que o enredo pede, destacam-se as obras de China do Estácio e Daniel Nowosh, uma obra curiosa que apareceu na disputa é a de Márcio Dias, já cortada da disputa, que é uma pérola, começando pelo refrão "Gonzaguinha, Gonzagueia". A Rocinha rendeu uma boa safra sobre Viriato Ferreira, destacando aqui a obra da parceria de Edinho, atual campeã na escola. Passamos para a Sossego, que tem o excepcional samba de Felipe Filósofo (acima), escrito em forma de diálogo. Por hora na Série A, Porto da Pedra e Alegria trazem safras razoáveis (na segunda, muito abaixo do que Beth Carvalho merecia) cujo uma obra tem longa vantagem das outras ao meu ver: Claudio Russo e Márcio André Filho, respectivamente. No Grupo Especial, a Tuiuti tem uma safra razoável para boa. Destaco as boas obras das parceiras de Claudio Russo (ele de novo ) e Anderson Benson, ficando o primeiro um pouco a frente. Por fim, a Grande Rio, que divulgou ontem seus sambas, e por sinal, uma safra bem fraca - tudo bem que um enredo sobre Ivete Sangalo não é nada inspirador - com uma quantidade de refrões oba-oba bem numerosa da qual se teve notícia. As obras que consegui gostar foram a das parcerias de Márcio das Camisas e Nêgo. Mas, uma obra da disputa decidi deixar para o final.



A obra da disputa caxiense que me refiro é de ninguém menos que Paulinho Direito. Sim, ele mesmo. O "compositor sensação" (ou seria o mito, a lenda, dentre outros adjetivos?) das disputas de samba no Rio, muito por causa de suas composições... digamos, bem insólitas, completadas por gravações bem toscas, dignos de arrancar ótimas risadas. Paulinho começou a se aventurar na disputa da Porto da Pedra em 2014, com seu peculiar refrão "E a gente vai vai vai vai vai, voando na imaginação" que virou hit nos diversos fóruns de carnaval. Também já disputou na Ilha e no Império Serrano. Concorre na tricolor caxiense desde 2014, mas parece que dessa vez ele se superou, tanto em letra quanto em interpretação. Nem vou citar trechos do samba, ouçam esta obra-prima (se o leitor me faça entender) e tire suas próprias conclusões.



Por hora, paramos por aqui. Enquanto isso, vamos apreciando os sambas que vão saindo - inclusive, a da escola que torço, que deverá sair no início do próximo mês. Talvez virá outro texto, se não vier, resta aguardar a avaliação das safras assim que as obras forem escolhidas e os CDs prontos. Até lá.

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