(por Carlos Alberto)

Os deuses do Olímpo mandaram convidar.

É festa na cidade maravilhosa. Seja bem-vindo, venha sorrindo, testemunhar o maior evento polisportivo do mundo. A tão sonhada olimpíada na América do Sul vai começar. A olimpíada da nossa casa, do nosso país. Sete anos passaram num estalar de dedos, parece que foi anteontem que o Rio foi escolhido a sede dos jogos olímpicos, que Copacabana explodia de felicidade. O espírito olímpico já está exalando. Atletas de todos os cantos, todos os níveis vão subir no pódium e serão recebidos em seus países como verdadeiros heróis, superação de limites, motivação, desafios, lágrimas de glória ou de desespero se misturam em quadras, tatames e ginásios construídos pela cidade. Por onde passar, o assunto será a competitividade. O mundo inteiro vai se encontrar por aqui, por isso, digo mais uma vez: seja bem-vindo! fique a vontade, mas por favor, não repare a bagunça...

...isso mesmo, não repare a bagunça que está a cidade olímpica, porque não deu tempo de arrumar para receber os ilustres visitantes, é a cidade de uma gestão frouxa e mal planejada, que a transformou num verdadeiro caos. E ainda por cima, seu prefeito, o don Duduzinho de Araque, além de falar asneiras, quer empurrar goela abaixo do carioca seu "futuro" sucessor, agressor de mulher confesso. Não só isso, o estado é governado pelo poste do poste. Donelles, o vice, vem governando. Encontrou o estado sem dinheiro e muito mais perdido do que ala comercial desfilando com os olhos vendados. Funcionários públicos não recebem, professores até outro dia estavam em greve, a polícia ameaça também entrar, restaurantes populares estão fechando - o que seria suficiente para enfartar seu criador. O caos completo em um momento que devia ser de euforia. Acabou? pior que não... são diversos tiroteios nas favelas "pacificadas", criminalidade em alta, clara sensação de insegurança, pessoas saindo de casa entregues a própria sorte. Crianças, policiais e mães morrendo, seja por facadas ou tiros, mortes em briga de torcida, cidadãos tendo que se abaixar na Linha Vermelha para se protegerem de tiros... E ainda assim querem descobrir planos terroristas. Como, se até hoje não acharam as vigas da Perimetral, tampouco o Amarildo? Se não pegam nem resfriado e pivete na Central... E o governador? se afastou do cargo, devido a um câncer. Curiosamente, até outro dia não se tocou mais no nome dele. O mesmo, que em campanha eleitoral prometeu reduzir em 80% a poluição da Baía de Guanabara, a mesma promessa feita há mais de duas décadas.

Protestar contra a desastrada organização é muito válido, mas apagar ou tentar impedir a passagem da tocha não resolve os problemas do Brasil, e de qualquer maneira os jogos vão acontecer. Confesso que só me animei de verdade com o evento conforme foi se aproximando, cerca de vinte dias. O clima olímpico já consome este escriba, comprei um ingresso para ver de perto, tudo bem que é para a primeira fase do tiro com arco, até porque era o bilhete mais barato e o local mais perto para ir. Pelo menos, posso dizer para meus filhos e netos que vi de perto. Caminhei e corri quase seis quilômetros com um preparo físico escasso para registrar a passagem da tocha por São Gonçalo. Além do mais, devo escrever no minino cinco, seis textos para o blog comentando esportes que tenho um mínimo conhecimento de regras, e, claro, vou torcer pelo sucesso do meu país, vou apostar em 27 medalhas, sendo 6 ou (quem sabe) 7 ouros. Enfim, a primeira olimpíada da américa vai começar, que se acenda a chama da paz, e como diz aquele samba: "Firma a batida na palma da mão/Os jogos vão começar/Nós somos todos irmãos e os deuses querem ficar".

E que comecem os jogos.

[Texto incidental: "Um Rio de Caos" por Ouro de Tolo]