Em Geral: E 2017 já começou...

Depois de escrever sobre o meu clube de coração - o Flamengo - agora escrevo sobre a minha escola do coração, a Unidos do Viradouro, a vermelho e branco que o editor tanto ama prestes a completar 70 anos. Para o próximo carnaval, já tínhamos equipe e enredo, restam sinopse e samba-enredo, porém faltava o principal: o dia e horário de desfile. Isto conhecemos na última terça-feira, e o resultado, veja bem, não foi lá dos mais felizes... mas isso é assunto para mais a frente do texto. Em três tópicos opinarei sobre cada assunto relativo ao que virá no desfile de 2017. Viradourense, tenha paciência para ler porque a cornet... digo, o relatório é longo.

1) Equipe

Como diria meu chefe de Sambacast, o admirável marroquino Caio Cidrini, o Dream Team de 2016 literalmente fez água. Quase todo mundo foi embora: Marquinhos e Giovanna (foram para o Tuiuti) Wilsinho (migrou para a União da Ilha) Sylvio Lembruger e Fernanda Misalidis (responsáveis pela comissão de frente) Paulinho Botelho (diretor de bateria) e por aí vai. E a equipe toda só não foi para o ralo porque o intérprete Zé Paulo Sierra recusou uma oferta tentadora do Grupo Especial. Quanto as reposições - deixando claro que não serão comparações, longe disso - ao meu ver foram muito boas. Para conduzir o pavilhão a escola repatriou Alessandra Chagas - de quem gosto muito - após curta temporada na Curicica, Surpreendentemente (ô palavra difícil pra escrever...) teve a baixa do Matheus Olivério (também vindo da Curicica) que foi para a Mangueira, lugar este que foi ocupado por Diego Machado, que foi mestre-sala da Vila Isabel por 5 anos. Para o comando da Furacão Vermelho e Branco chegou Maurão que estava na Cubango - demorou, mas veio para o lado certo - que afirmou em entrevistas que vai resgatar a batida de caixa da época do Ciça e optará por não fazer desenhos nos surdos de terceira. As ideias me parecem ótimas, veremos na prática. Na direção de carnaval retornou Wilson Polycarpo, que esteve na equipe vencedora da Série A em 2014. Para quebrar uma lógica óbvia, deixei por último o carnavalesco. O responsável pelo desfile da vez será Jorge Silveira, que faz parte da comissão de carnaval da Dragões da Real em São Paulo. Inicialmente eu tratei como uma aposta, mas após fazer uma breve pesquisa (mais precisamente o desfile de 2015 da Dragões) constatei que podia ter confiança pois a característica dele (que é o enredista da equipe) é de apresentações muito luxuosas. Para constar, também veio da Dragões o coreógrafo Anderson Rodrigues. Em tempo: estive na apresentação da equipe na quadra da escola, no último dia 23, conversei com o Jorge perguntando como seria o enredo, ele me respondeu que mexeria com as emoções. Restava esperar...

2) O Enredo

Quando se fala no Jorge, vem a mente enredos de temática infantil, por isso não esperava que viesse coisa diferente disso. E foi o que aconteceu, o tema escolhido foi "E todo menino é um rei". Confesso a vocês que o meu medo era que viesse alguma coisa semelhante ao desfile da Dragões em 2015, cujo enredo era muito confuso, no entanto tive uma grata surpresa: uma explicação bem sucinta do carnavalesco cujo trecho reproduzo aqui: "Quando o presidente me procurou para realizar o projeto, ele pediu um presente para escola: que a alegria e a leveza pudessem se fazer presentes em nosso desfile, agregando ares de renovação e modernidade. Que a Viradouro, no auge dos seus 70 anos, sendo portadora de uma incrível história vitoriosa no carnaval, se permitisse se reinventar. Que essa jovem senhora pudesse se reencontrar com a pureza da alma de uma criança, pronta para escrever um novo capítulo em sua trajetória. Aceitei nobremente o desafio de somar a incrível força da comunidade ao espírito da inovação. Minha tarefa passou a ser a de encontrar o perfeito equilíbrio entre a tradição da Viradouro e a possibilidade dela se reconhecer moderna, aberta ao carnaval do século XXI. Seguindo essa trajetória, procurei percorrer o universo do samba, e render através dele uma justa homenagem. Usando como ponto de partida uma linda obra, composta pelos ilustres poetas Nelson Rufino e Zé Luiz, imortalizada na voz do grande Roberto Ribeiro, nossa escola irá brincar na avenida, no melhor sentido da palavra. Não se trata de um enredo biográfico sobre os artistas mencionados, mas uma Ode á Infância, usando sua obra como ponto de partida, fio condutor. Saudando a realeza de cada menino e menina, vamos reverenciar "Sua Majestade a Infância". Convidamos a todos a um gesto de carinho e louvor a pureza do mundo dos pequeninos, valorizando a essência do que é ser humano, tão importante nos dias difíceis que passamos. A natureza de nossa escola é a nobreza, pois trazemos uma coroa em nosso pavilhão. A Viradouro coroa cada menino e menina nesse carnaval, realizando os desejos de Sua Alteza Real: a molecada. Vem desenhar com lápis de cor o reino da Infância em vermelho e branco. E todos ascenderemos a criança dentro de nós". Pelo que deu para constatar, a tendência será de uma sinopse com fácil entendimento, que poderá render um bom samba. Mas aí o leitor pode questionar "Carlos, a sinopse ainda não saiu". Eu sei, é complicado opinar sobre enredo sem a sinopse feita, porém vamos esperar até o dia 24 para ver o que acontecerá.

3) A Posição de Desfile

Agora vem o ponto mais complicado. Quando saíram os pares do sorteio e ficou decidido que a Viradouro lançaria a sorte junto com a Cubango ato contínuo pensei: "Isso não vai dar certo..." parece que estava prevendo... o nobre presidente da Cubango, Olivier Luciano, o Pelé, havia dito ao site Carnavalesco que tinha feito macumba para ser quarta de sábado, e na hora da verdade parece que a mandinga conspirou a favor da Noronha Torrezão: a Viradouro tirou a bola oito... mas a Academia verde tirou a nove. Resultado: caímos na sexta-feira de novo. Como desgraça pouca é bobagem, ainda tiramos a posição de número 3. Para ser mais explicativo, a vermelho e branco será a 3° escola de sexta-feira, dia 25 de fevereiro - segundo a cartilha de horários modificada uma vez mais, começando entre 23h30 e 23h50. Que é uma posição complicada, isso é evidente. Desde que se formou a Série A em 2013, a Viradouro no máximo consegue o vice-campeonato quando desfila na sexta-feira. Para aumentar o azar, desfilará colada na Sossego, que abre a noite, e como todos sabem que haverá componentes da escola que também desfilarão na azul e branco, tal fato dará um nó no trânsito de Niterói caso a programação de concentração forem semelhantes (principalmente pela distância existente do Barreto para o Largo da Batalha/Pendotiba, aproximadamente 17km) que vai pedir um esquema especial de tráfego, independente do prefeito que a cidade terá no próximo ano. Por sorte, a Vira só não repetiu a cilada de 2016 porque tem a companhia da Estácio. Entretanto, o que pode pesar a favor é que a terceira de sexta tem rendido ótimos desfiles, basta lembrar de Império Serrano em 2015 e Porto da Pedra em 2016. Ficaria satisfeito com uma troca de posição, o que não aconteceu. Por hora, aguardemos para descobrir o quanto a ordem de apresentação pode prejudicar. Em suma, para ser campeã sendo terceira de sexta, a Viradouro terá que ser antológica, ou terá que parir um boi, como diria o amigo Luis Butti.

Análise feita, resta apenas torcer para que seja um grande carnaval. Diferente dos dois últimos anos não irei desfilar pela escola por ainda não digerir o resultado de 2016, mas não será por isso que a deixarei de lado, estarei acompanhando disputa e ensaios sempre que pingar uma verba, se o leitor me entende. Valei-me, São João Batista! Vai ser muito complicado, mas o importante é ter fé no padroeiro para nos trazer a taça.

2017 já começou! E todo menino é um rei...

Fotos: Reprodução/Facebook - SRZD.

[N.do.E. A foto da equipe foi feita pelo editor no dia da apresentação da mesma, portanto, muito antes da saída do Matheus Olivério.]

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