Carnaval ApoteÓtica: Crônica da segunda noite da Série A

(por Carlos Alberto)

Reproduzo aqui minha análise por escrito sobre a segunda e última noite dos desfiles da Série A, realizado na noite de ontem e madrugada de hoje na Marquês de Sapucaí. Segue o mesmo critério de ontem: baseada nas entradas ao vivo no Facebook da Rádio Show do Esporte e em observações extras durante as apresentações. A segunda parte dos desfiles, infelizmente, foi marcada pelo acidente de Jessica Ferreira, porta-bandeira da Unidos de Padre Miguel, que sofreu uma entorse no joelho ao pisar em falso enquanto se apresentava para a cabine dupla de julgadores. Vamos aos comentários.



ACADÊMICOS DA ROCINHA - Outra agradável surpresa. Linda homenagem ao Viriato. O enredo ficou muito claro e de fácil entendimento e o conjunto visual foi muito bom. Poderia ser uma apresentação perfeita se não fosse três poréns: a Evolução, a Harmonia e os cantores de apoio tiveram certa dificuldade pra cantar as notas mais altas do samba - justiça seja feita, grande performance do Leléu. A Borboleta Encantada pode surpreender no abrir dos envelopes.



CUBANGO - Um belo desfile, mas os limites do orçamento da escola ficaram nítidos. O samba, que eu particularmente temia arrastar por causa da letra extensa, funcionou - ajudado pela boa atuação do (muito criticado) Hugo Junior - apesar da Harmonia ter sido irregular a partir da segunda metade do desfile. Evolução foi sofrível, principalmente devido as dificuldades para a entrada de dois carros - o que causou pequenos clarões, e o conjunto visual sofreu com problemas de acabamento e solução a partir do segundo setor. Infelizmente, apesar de passar seu recado com correção, deve ficar na segunda página da tabela.



INOCENTES DE BELFORD ROXO - Divertido, embora sonolento. O desenvolvimento do enredo foi bem confuso, apesar de ter gostado do setor dos vilões de novela. Bateria passou correta, evolução foi tranquila, mas o limitado samba (mesmo acelerado) doeu nos ouvidos e enjoou na metade da apresentação a Comissão de Frente teve erros de acabamento e coreografia. O conjunto visual foi no limite do tolerável. A Caçulinha vai permanecer com tranquilidade no grupo. Ah, e divertida cena do Paulo Barros trajado de Maskara.



IMPÉRIO SERRANO - Que desfile fez a Serrinha! Mais um, aliás. Início arrebatador, samba passando muito bem, escola cantando muito forte e com muita garra, belo conjunto visual, grande atuação do Marquinhos Art'Samba e a Sinfônica (apesar de ter acelerado demais a meu juízo) inspirada. Das escolas de ontem, foi a primeira apresentação que empolgou o público. Erros na Comissão de Frente e (de novo) problemas de Evolução podem complicar a vida do Império. O menino Bernardo credencia o Reizinho de Madureira como uma das grandes favoritas ao título.



UNIDOS DE PADRE MIGUEL - Um excelente desfile, mas que viveu contrastes. Por um lado, foi aclamado pelo público com gritos de "É campeã". Outro belo conjunto visual da noite, bateria muito bem, samba passando com muita força e facilitando a Harmonia. Por outro lado, um drama: a trise imagem do acidente da Jéssica, porta-bandeira da Unidos. Em sua apresentação aos jurados, ela acabou pisando em falso e sofreu uma entorse no joelho esquerdo. Para deslocar a segunda porta-bandeira para a frente, a escola ficou parada na avenida - o que deve acarretar perda de pontos na Evolução. Comovente a cena do mestre-sala Vinícius dançando sozinho ao esperar a segunda porta-bandeira chegar. Não sei em quanto o acidente pode prejudicar nas notas, se serão despontuados ou ganharão 10 como homenagem, o que importa agora é que a vermelho e branco da Vila Vintém mais uma vez se credenciou ao título.



RENASCER DE JACAREPAGUÁ - Agradável desfile, embalado pelo espetacular samba-enredo e uma bateria endiabrada. Aliás, um detalhe para uma sacada bem genial: no verso do refrão principal "A chibata não estala mais" as caixas reproduziam o som da chibata. O conjunto visual foi correto, dado os limites financeiros da agremiação, embora tivemos problemas de acabamento em pelo menos duas alegorias. Harmonia correta e Evolução tranquila. Por fim, a "Cerol Fininho" comandada por Diego Nicolau e Evandro Malandro mais uma vez mostrando competência e entrosamento. Não deve brigar pela ponta, mas pode surpreender na hora das notas.



PORTO DA PEDRA - Desfile do jeito que o enredo pedia: leve, forte e bonito. E aliás, muito bonito. O conjunto visual foi belo, apesar de um setor vir aquém no acabamento. Destaques para a Comissão de Frente muito criativa e para a volta de Lucinha Nobre ao carnaval pela vermelha e branca. A Bateria, sob o comando de Mestre Pablo e sua criativa fantasia, abusou da criatividade com muita competência e Anderson Paz teve sua melhor atuação nos últimos anos. Além do problema citado de acabamento, o que pode complicar o tigre é a Evolução que abriu buracos, e o Enredo, que teve inversão de alas. Ademais, a Porto é candidata ao Especial.

BALANÇO FINAL


Após duas noites de desfiles, a tendência é que tenhamos uma disputa muito equilibrada - que o juri da LIERJ não cometa atrocidades, como nos dois últimos anos. Segue meu panorama sobre quem briga pelo quê:

Favoritas ao titulo: UPM, Império Serrano, Viradouro e Porto da Pedra
Podem surpreender: Estácio, Renascer e Rocinha
Zona da marola: As seis restantes
Rebaixamento: Curicica

ADENDOS


Grande acerto da TV Globo o ingresso do Carlos Gil à equipe de transmissão da Série A. Mostrou muita competência e conhecimento. Não dou três anos para subir para a transmissão do Especial. Leandro foi muito bem nos comentários - alguns deles inteligentes e sucintos. A bola fora foi o Mumuzinho, que como comentarista é um ótimo cantor. Fez comentários famigerados além de "jabá" para amigos da música.

Agora resta esperar o que os 36 envelopes nos reservam.



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