Em Geral: Resista, Fazenda Colubandê!

(por Carlos Alberto)

Um pedaço da história brasileira está pedindo socorro, mas parece que ninguém quer dar ouvidos, não querem se importar, tem prazer em ignorar ou algo similar. A Fazenda Colubandê, principal referência da arquitetura colonial, encontra-se em estado de abandono, e a situação está beirando a ficar irreversível. E o problema não é recente, tem quase meia década. Para o leitor ficar ciente da importância do local, transcrevo sua história: foi comprada por Duarte Ramires de Leão no século XVII e ali viveu com sua família até o século de XVIII, tornando a propriedade em uma das maiores produtoras de cana-de-açúcar da região. A Fazenda abriga ainda o Casarão, que foi senzala de escravos e a Capela de Monserrate, que depois passou a se chamar Capela de Santana, erguida originalmente para o batizado do filho de Duarte Ramires de Leão, no ano de 1618.

Tombada pelo Iphan em 23 de março de 1940, o local abrigava o Batalhão da Polícia Florestal, que lá ficou por dez anos e acabou desativada em julho de 2012, quando o batalhão fora transferido para Bonsucesso, e desde então a Fazenda encontra-se descuidada e largada a própria sorte, além de ter sido alo de bandidos livres para saquear o que vem pela frente - a última no final de janeiro, quando um retábulo da capela foi roubado, e só descobriram cerca de duas semanas depois. Antes de fechar o texto, fiz uma visita à Fazenda - moro a mais ou menos 800 metros de lá - e saí de lá incrédulo com o que vi, e não esperava outra coisa. O total estado de abandono é de deixar qualquer um abismado, impressionado e indignado com a tamanha falta de cuidado. Matagal crescendo, conservação e fiscalização zero, fora ser exposta a diversos ataques de criminosos. A Fazenda está agonizando, é uma descaso contra um patrimônio, afirmo até que é caso de calamidade pública, e as autoridades competentes estão nem aí, ou falando o português mais às claras, estão cagando e andando para a Fazenda. Inclusive, durante a visita, me deparei com dois rapazes que estavam fazendo fotos denunciando o estado de calamidade da Fazenda. Um deles me relatou que a Polícia Federal já havia tomado ciência do caso e que levariam à ONU - e não seria para menos.

"E eu vou perguntando: Até quando?"

O descaso com o local é imenso que faltam palavras pra resumir - e são muitas, registra-se. Impossível se conformar com o descaso que se encontra um patrimônio histórico que é um dos principais pontos turísticos de São Gonçalo, apesar de alguns grupos competentes se esforçarem ao máximo para a preservação do local. O abandono da Fazenda é o retrato fiel da atual situação do bairro (alvo da insegurança pública) e representa o repugnante desprezo pela nossa história. Mas enquanto governos, IPHAN e prefeitura continuarem nesse jogo de empurra, demonstrando seu total desinteresse, a Fazenda acabará em ruínas e deixará a cultura do fragilizado estado do Rio cada vez mais pobre. A Fazenda Colubandê pede socorro implorando para não merecer um fim triste.

Como diz os versos de Gonzaguinha: "Vê se entende meu grito de alerta"

Resista, Fazenda Colubandê!

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